Caprichoso abre segunda noite do Festival Folclórico de Parintins com 'Kizomba: Retomada Pela Tradição'
- Portal Memorial News

- 29 de jun.
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Por Juca Queiroz - Redação
Jornalista MTB 088/DRT-AM
Fotos: Reprodução/TV A CRÍTICA
PARINTINS/AM - O Boi Caprichoso deu início à segunda noite do Festival com o espetáculo “Kizomba: Retomada pela Tradição”. O termo significa "festa" no dialeto Kimbundu.
Em uma embarcação azul e branca que invadiu o bumbódromo de Parintins surgiu o Touro Negro da Amazônia, junto ao levantador de toadas Patrick Araújo. Em seguida, o bumbá se apresentou ao som de Malúù Dúdú, toada que exalta a origem negra do boi.
Em sua apresentação, o Caprichoso contou a história dos marandoeiros e marandoeiras da Amazônia — figuras típicas regionais que, por meio da oralidade, preservam e transmitem os saberes e histórias do povo da floresta. Do alto de uma alegoria gigantesca surgiu a sinhazinha da fazenda Valentina Cid, que se transformou em uma vitória-régia no meio do bumbódromo.

Trazendo o pavilhão azul e branco surgiu a porta-estandarte Marcela Marialva. Já o levantador de toadas Patrick Araújo interpretou a toada "Kizomba", seguido da evolução da vaqueirada conduzida pelo amo Caetano Medeiros.
Na sequência, a arena foi tomada pela celebração indígena que mostrou o enfrentamento entre os povos originários e os militares durante o desbravamento da Amazonia.
Em uma faixa, os indígenas exclamaram: A resposta somos nós. Dentro de um módulo alegórico surgiu a cunhã-poranga Marciele Albuquerque, trazida por uma 'rasga-mortalha' que evoluiu ao lado das tribos azuladas.

O Caprichoso também contou a lenda indígena de Sacaca Merandolino: O Encantado de Arapiuns. Segundo os mais antigos, Merandolino era uma criatura que inalava o fumegante tauari e mergulhava nas águas do rio Arapiuns, momento em que se transformava em uma serpente encantada que deslizava pelas profundezas dos rios, levando sua sabedoria de cura a outras comunidades.
O conjunto alegórico feito pelo artista Alex Salvador também revelou a Rainha do Folclore azulado Cleise Simas em uma serpente gigantesca que ganhou os céus de Parintins e levou a galera ao delírio.
A releitura da toada 'Réquiem' emocionou o público. A canção foi entoada enquanto um módulo alegórico com pajés foi içado por um guindaste durante a evolução coreográfica.
Encerrando a apresentação, o Caprichoso trouxe à arena um forte ritual indígena com foco na retomada dos espíritos Munduruku, como símbolo da resistência dos povos originários e da defesa da vida na floresta.
A apresentação, conduzida pelo pajé Erick Beltrão denunciou a violação do território sagrado desses guerreiros com a construção da hidrelétrica de Teles Pires, uma obra que corrompeu o local de descanso espiritual dos Munduruku, fora das terras demarcadas oficialmente pelo Estado brasileiro.
















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